Finanças vão à COP. Querem-se incentivos alinhados com Paris e mais clareza

Isabel Ucha e António Baldaque falam-nos de finanças no podcast Clima 3.0, no qual poderá acompanhar os temas que irão marcar a agenda da COP30.


Ouve o podcast Clima 3.0

Ana Batalha Oliveira 18 Novembro 2025

Este texto é escrito com base no podcast Clima 3.0, que trará aos leitores, diariamente e ao longo das duas semanas da COP, uma visão sobre os principais temas discutidos na COP30, numa série de dez entrevistas a especialistas das diversas áreas em discussão.

A 30.ª Conferência das Partes (COP30) tem grandes compromissos financeiros para retirar do papel e colocar mais próximos da implementação. Em conversa com o ECO/Capital Verde, no âmbito do podcast Clima 3.0, a CEO da Euronext, Isabel Ucha, e o diretor executivo do Centro de Finanças Sustentáveis da Católica, António Baldaque, apontam a necessidade de mais clareza e estabilidade regulatória, mas também de uma maior transparência e melhor comunicação em relação às finanças sustentáveis, de forma a fomentar o investimento na ação climática.

Na sequência da última COP, na qual as partes concordaram mobilizar 1,3 biliões de dólares anuais para a ação climática nos países menos desenvolvidos, dos quais 300 mil milhões seriam provenientes de fontes públicas, até 2035.

Quanto mais nós conseguirmos mobilizar o mundo financeiro para captar poupanças e financiar esses investimentos, mais acelerada será essa transição“, afirma Isabel Ucha. A CEO da Euronext refere-se, em particular, aos investidores que, além do critério da rentabilidade para a alocação do seu dinheiro, usam também critérios de impacto ambiental, social e de governança. Nesse sentido, sublinha, a questão passa “como é que podemos atrair mais mais investimento”.

Para já, detetam-se alguns desafios. António Baldaque aponta que o investimento climático tem sido sobretudo dirigido a tecnologias já maduras pois, “no clima [económico] em que estamos hoje em dia, é difícil pedir às empresas e aos investidores que arrisquem em tecnologias novas”.

Além disso, “toda esta instabilidade geopolítica” a que se assiste no globo, e, em particular, em termos da legislação europeia de sustentabilidade, “não ajuda”. Em adição, as métricas de medição, reporte e verificação, em termos de sustentabilidade, têm sido “muito complexas”, demasiado para se conseguir trazer “a transparência necessária, para depois o capital vir a seguir”.

Então, como se estimula o investimento? Para Ucha, “o mundo financeiro em particular, tem que ser capaz de comunicar melhor com os cidadãos que poupam e que investem para que eles próprios aloquem mais das suas poupanças a estes investimentos com critérios de sustentabilidade”.

Apesar de já se ter feito “um grande progresso”, a dívida sustentável, por exemplo, ocupa uma percentagem de mercado que não chega a 10%. Ao mesmo tempo, vê a necessidade de que os investidores tenham acesso à informação relativa aos investimentos em sustentabilidade “de uma forma mais clara, mais objetiva e mais comparável”.

Por outro lado, “o que é preciso é criar um contexto legislativo e um contexto económico onde faça sentido alocar mais capital para a transição“, defende Baldaque. Sugere sistemas de incentivos como os “mercados de carbono” que, em termos voluntários, considera ainda “incipientes”. No que diz respeito a incentivos, critica que, apesar de vários impostos sobre o petróleo, se mantenham também apoios. “É preciso trabalhar num [contexto de incentivos] que seja mais próximo do objetivo de transição que queremos“, acredita.

No que diz respeito à COP, Baldaque é perentório: são precisos “mecanismos mais inteligentes” de compensar os países em vias de desenvolvimento para fazerem essa transição que lhes está a ser pedida porque os países desenvolvidos ‘esgotaram’ o stock de carbono permitido. Independentemente dos “altos e baixos” dos investimentos verdes, Isabel Ucha conclui: “Estes temas que são estruturantes vão continuar a progredir”.


Center for Sustainable Finance

The Center for Sustainable Finance (CSF) mission is: advancing the role of Finance in building a Sustainable World.

We believe that Finance has been a powerful lever in the development and prosperity of our societies, by empowering better decisions when allocating resources and capital. This role is critical as we face several (inter)generational challenges, from Climate Change to the sustainability of Retirement Systems.

The Center has the main goal to provide world-class expertise in Sustainable Finance by:

1) Contributing to rigorous academic study and knowledge building in the area of Sustainable Finance.

2) Participating in the acceleration of solutions to the challenges identified, with a particular focus on the Portuguese context.

3) Fostering the learning and advancement of capabilities in the focus themes, across all economic agents.

The Center's inaugural focus will be on Climate Change and the Transition to a low-carbon economy, where finance plays a key role in fueling innovation and channeling capital toward an economic system that is less dependent on carbon emissions. We believe that a well-managed transition empowers opportunities and allows for a more efficient and fairer transition.

Center for Sustainable Finance,

Developing Pathways for a Prosperous Future

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